Várias e maçantes vezes eu bati na tecla de que os interesses financeiros não podem superar o espírito esportivo. Como Guasca de Bom Jesus, “podemos morrer, mas caímos de joelho, não se ‘entreguemo’ pros paraguaio”. Vou manter sempre este pensamento. Mas se sei que não vou conseguir êxito com isso, não adianta só vociferar. Sou louco mas não sou burro. Embora não seja opinião tão aceita assim, interesse financeiro prevalecendo sobre espírito esportivo pode produzir algo útil e saudável. Copa do mundo é o exemplo disso.
A dona FIFA tem seus defeitos, suas intransigências, seus interesses financeiros fúteis e mesquinhos. Mas é forçoso reconhecer que esta entidade transforma e potencializa o futebol e, especialmente, a copa do mundo, em um poderoso fator que supostamente altera para sempre a economia do país que sedia o evento.
Investimentos em infra-estrutura (ruas, estradas, parques, hotéis, restaurantes, etc…), em segurança, em saneamento básico, entre tantas outras áreas, segundo se fala, deixam marcas positivas para sempre.
Se for verdade e o trabalho for feito com consciência, eficiência, ainda que milhões sejam desviados, teremos no Brasil uma mudança radical. Assim, talvez se tornássemos mais atrativas as competições com seleções, mantivéssemos altos níveis de retorno de benefícios para a sociedade.
Será que não seria possível fazer as copas com intervalo de 03 anos? Ou reduzir a extensão dos torneios eliminatórios e fazê-los concentrados em um país-sede? Talvez em continentes diferentes, para não haver favorecimento para o país que sedia: seria interessante uma das fases das eliminatórias europeias aqui no Brasil, por exemplo. Movimentaria o mercado quase tanto quanto a copa do mundo…
Ou quem sabe transformar a Copa América, para ficar no nosso exemplo, que já é feita com um país-sede, passar a ser de modo que as colocações nessa copa definiriam os classificados à próxima copa do mundo… Seria um prestígio para essa copa, que acaba sendo pouco valorizada… Imagina Copa do Mundo e Copa América de 03 em 03 anos, esta última no ano anterior ao mundial, eliminando essa Copa das Confederações… Seria na prática, um ano sem nada de competições com seleções e dois com competições de alto nível de importância.
Bueno, são divagações. Mas certamente seriam bem mais atrativos do que longas eliminatórias (que bem ou mal interferem nos clubes com convocações esparsas) ou que uma Copa América desvalorizada; ou ainda mais interessantes do que uma Copa das Confederações que só serve para testar o país que vai sediar e para lembrar as pessoas de que a gente deve torcer pela seleção, não só pelos clubes.
Nunca pensei que fosse relacionar “la plata que me falta” com esporte. Ainda sou meio resistente a essa ideia, mas dizem que os benefícios para os países-sede são inúmeros. Sendo assim, sou obrigado a me valer das palavras do mestre Jayme Caetano Braun: “em bruxas não acredito, pero que las hay, las hay”…