CAMPEONATO GAÚCHO – parte 3 – Guarany Futebol Clube: o segundo campeão e o terceiro maior vencedor

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Bagé haveria de ser a cidade do segundo campeão gaúcho. Mais uma vez um clube do interior sagrar-se-ia campeão estadual. O nome do alvirrubro é inspirado em uma composição famosa de Carlos Gomes, chamada “O Guarani” (que é tema da voz do Brasil). De se referir o elevado número de clubes do interior que homenageiam o povo indígena, certamente por sua incansável resistência à catequização luso-hispânica que se alastrava fortemente no estado. De fato os nativos foram muito importantes para a formação da cultura desse Querido Pago, no que tange à intolerância a abusos e desmandos.

Voltando ao futebol, o Alvirrubro de Bagé, denominado oficialmente de Guarany Futebol Clube, foi fundado em 19/04/1907, após reunião de 11 pessoas na Praça da Matriz da cidade. Inicialmente foi sugerido o nome de Internacional ao novo clube que se formaria, mas ao final optaram pelo nome atual.

Em função da proximidade da Fronteira com o Uruguai, os primeiros fardamentos do Alvirrubro eram do Nacional, de Montevidéu, porque um dos fundadores do Guarany, Carlos Garrastazu, atuou pelo clube Uruguaio.

Atualmente, o Juventude é considerado a terceira força do futebol gaúcho no cenário nacional, em virtude de ter, além de um título estadual, conquistado a Copa do Brasil. Mas o Guarany ostenta, dentro do cenário estadual, a melhor campanha depois da dupla Gre-Nal, pois é bicampeão gaúcho (1920 e 1938), além de ter sido vice-campeão em 1926, 1929 e 1958. Portanto, em termos de campeonato gaúcho, estamos falando do terceiro maior vencedor.

Em títulos municipais, onde possui rivalidade com o Grêmio Esportivo Bagé, os Alvirrubros têm destaque, com vários títulos citadinos, apesar de que o maior vencedor é o Bagé; mas estas informações são controvertidas, pois o jalde-negro tem 23 títulos e algumas fontes citam 21 títulos para o Guarany, outras arrolam 26. Mas independente disso, estamos falando do clássico chamado Ba-Gua. Para felicidade deste relator, noticio que em 2009 foi reeditado o campeonato citadino de Bagé, o que não ocorria desde 1976. E o título ficou com o Rival, Bagé.

Como curiosidades, o Guarany revelou jogadores consagrados, sendo o principal deles o grande lateral esquerdo da seleção nas copas de 86, 90 e 94, Branco. Além de Branco, na década de 30, o Guarany, de Bagé cedera um jogador para o selecionado brasileiro, para as copas de 34 e 38: o jogador Martim Silveira.

Além destes, outros jogadores de destaque no futebol foram formados no Estrela d’Alva: Darcy Meneses, campeão da América e Vice campeão mundial pelo Cruzeiro/MG e Raul Calvet, requintado zagueiro que jogou no Grêmio/RS (1954-1960) e foi bicampeão mundial no lendário escrete do Santos/SP dos seus áureos tempos, considerado um dos maiores jogadores da história do Santos, tendo ainda jogado 10 partidas pela selação brasileira.

Uma história de tradição, que infelizmente não vem se repetindo na atualidade. Após ter retornado à elite do futebol gaúcho em 2008, o Guarany não resistiu e foi rebaixado para a segunda divisão gaúcha.

Sem conseguir voltar à elite do futebol gaúcho, e com problemas financeiros, o Guarany recentemente entrou em acordo e rescindiu amigavelmente o contrato com o técnico André Luís, ex jogador do Inter, pai do amigo e colega André (vulgo Dr. Kanu). O clube ainda desistiu de participar desta última Copa Arthur Dallegrave. Mas a rivalidade entre abelhão (Bagé) e Guarany é, sem dúvida, uma das maiores do Estado, sendo um dos mais famosos clássicos.

Fica a esperança na força do interior e que a metade Sul do Estado se fortaleça e reassuma a posição que merece no cenário do futebol gaúcho. O Terceiro maior ganhador dos gauchões não pode estar de fora da elite do nosso futebol.

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